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Hoje falo-te de saudade
Das horas que se arrastam
Dos longos dias de degredo
Aguardo silencioso por ti
Sentado num ponto que escolho - bem alto
Mesmo sabendo que não virás
Mato esta solidão que me invade
Na ilusão de sentir os teus passos
No toque da tua mão em meus braços
Contemplo a gente que chega
Sinto a outra que parte
Enquanto eu - espero
Espero e desespero de cansaço
Desta espera obstinada
Mesmo sabendo que também hoje – não virás.
De novo, no peito aperta-me a saudade
Até mim chega o cheiro a mar
Sinto o perfume a ti espalhado pelo ar
Ardem-me os olhos de tanto te procurar
Na praia, onde outrora caminhamos unidos
Nas ondas, que se deixavam tombar a nossos pés
Um arrepio percorre o meu corpo
Sinto que entardece
Não tarda, escurece
Sinto frio, sinto medo
Medo de mais um regresso à casa vazia
Às paredes silenciosas do nosso quarto
À cozinha outrora condimentada
À TV que olho sem ver
Que saudades da tua voz
Do riso que enchia a minha vida
E que levaste contigo para sempre
Partiste para longe
Sem te despedires
Sem me perguntar
Se também eu - queria partir…
E eu, continuo aqui – à espera de ti – à espera de nós
Divagações:flor=Eu