Dois dedos de sol

Não preciso de muito

Guardo o que vejo

Para aquecer o frio

Que preenche o peito

E me gela o olhar

Amo-te

E é por te amar. Tanto.

Que sofro por mim . Por ti.

Sinto-me só

Sinto-te só

O coração está doído

De ansiedade

E sofre de ausência

Nego-me a perder-te

Recuso-me a esquecer-te

E mais uma vez...

Mais uma vez?

Outra vez. Não!

Tu não lembras, eu sei.

Eu não esqueci.

Resta-me tão pouco.

E a ti, menos ainda.

Quero-te tanto. Tanto.

Que o meu tanto é tão pouco

Do que me transborda em saudade

Hoje

Amanhã

Tenho fome de um abraço. Do teu.

Dizem-me: Um dia de cada vez

Eu: Quero-te todos os dias

És meu. És nosso.

Quero...

...Queria.

Que chamasses o meu nome.

PAI. Que saudades de Nós.

Mãe: "és cara chapada"

BFDS

Março sorriu e todos os anos se ilumina para te presentear em raios de sol.

BFDS

"Tudo é amor.
Até o ódio, o qual julgas ser a antítese do amor,

nada mais é senão o próprio amor que adoeceu gravemente."

O meu Destino disse-me a chorar:
"Pela estrada da Vida vai andando,
E, aos que vires passar, interrogando
Acerca do Amor, que hás-de encontrar."

Fui pela estrada a rir e a cantar,
As contas de meu sonho desfiando...
E noite e dia, à chuva e ao luar,
Fui sempre caminhando e perguntando...

Mesmo a um velho eu perguntei: "Velhinho,
Viste o Amor acaso em teu caminho?"
E o velho estremeceu... olhou... e riu...

Agora pela estrada, já cansados,
Voltam todos p'ra trás desanimados...
E eu paro a murmurar: "Ninguém o viu!..."

Florbela Espanca

(Senhora da Assunção - Monte Córdova)