O velho e o mar
No desenho da pedra
Usaram as fendas
Geraram um rosto
Voltado ao mar
Desde o nascer do sol
Até ao sol-posto
De tanto o fitar
O olhar envelhecido
Parece encalhado
Até indisposto
O tempo se permitiu
De o ir desgastando
Musgos e ervas
Ali foram medrando
Abono de pássaros
Nidificam no ninho
Sem cuspo, sem língua
Sem os poder silenciar
O velho empedrado
De olhar desabitado
Aguarda que o tempo
O desfaça em pó
Para assim o libertar
Quem sabe se um destes dias
Os olhos vai descansar?
publicado às 02:06