Viajemos..
"Viajemos juntos na mesma embarcação...
Tomemos o mesmo rumo, a mesma direção...
Encontremo-nos, por coincidência, na mesma estação
e partamos a sós numa viagem sem fim..."
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"Viajemos juntos na mesma embarcação...
Tomemos o mesmo rumo, a mesma direção...
Encontremo-nos, por coincidência, na mesma estação
e partamos a sós numa viagem sem fim..."
(...)
"Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para o pé do Fado,
Mais longe que os deuses.
Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente.
E sem desassossegos grandes."
Fernando Pessoa
Às vezes mesmo em dias de céu muito azul - a cor esmorece .
"Então pintei de azul os meus sapatos
Por não poder de azul pintar as ruas
Depois vesti meus gestos insensatos
E colori as minhas mãos e as tuas
Para extinguir de nós o azul ausente
E aprisionar o azul nas coisas gratas..."
Roubei o azul com que pintei daqui
As pessoas sensíveis não são capazes
De matar galinhas
Porém são capazes
De comer galinhas
O dinheiro cheira a pobre e cheira
À roupa do seu corpo
Aquela roupa
Que depois da chuva secou sobre o corpo
Porque não tinham outra
O dinheiro cheira a pobre e cheira
A roupa
Que depois do suor não foi lavada
Porque não tinham outra
"Ganharás o pão com o suor do teu rosto"
Assim nos foi imposto
E não:
"Com o suor dos outros ganharás o pão."
Ó vendilhões do templo
Ó constructores
Das grandes estátuas balofas e pesadas
Ó cheios de devoção e de proveito
Perdoai-lhes Senhor
Porque eles sabem o que fazem.
Sophia de Mello Breyner Andresen
(...)
"Por vezes somos obrigados a
crescer sem querer e caimos sem
que nos empurrem, deixamos para
trás uma criança que tanto esteve em nós,
habituamo-nos ao mundo a sério.
Comprámos a camisa, outros a gravata
e vamos sorrindo ou aprendendo a sorrir
e dizem que nos fizemos homens. Mas
dizem que nas crianças está a luz.
Ouve bem!
Imagina.
Imagina o sol das mais diferentes cores."
Continua aqui em a A Alma da Flor
Enfunamos as penas.
De vez em quando, sacudimos as asas e...
Deixamos a chuva passar.
Afinal, se estamos aqui. É porque não queremos estar, num outro qualquer lugar.
Vida de pomba, é o que, é!
....lá fora a chuva cai! Escuto-a, ora suave, ora apressada...
Subo a veneziana
Afasto a cortina
Contemplo: Gotas de chuva a deslizar
Embacio a janela
E vou riscando nela
Traços: De pingos difíceis de acompanhar
São cristais brilhando
Em valsa rodopiando
Passos: Que não aprendi a dançar
Vão, descaindo e unindo
Vão, unindo e descaindo
Admito por momentos - Estão rindo
Sinto nesse instante - Vão cantarolando
Aceito por fim – Não as posso controlar
Levanto os olhos ao céu
Cerro de novo o véu
Deixo de ver a chuva tombar
Não mais a quero seguir
Ficarei somente a ouvir
Deixar-me-ei embalar
Até de novo...
Simplesmente, até.
Em contraluz vou perambulando
Pessoas, pensamentos, silhuetas
Com quem me cruzo e vou guardando
Fim da tarde; Fim do dia; Fim somente.
Deixem-me passar
Que tenho pressa
Deixem-me! Preciso ver
Ó gentes! Deixem-me correr
Enquanto há luz
Enquanto tenho esperança
Deixem-se sentir arrebatada
Com a luz que a minha vista alcança
Sombras, eu reconheço
O resto passa, e eu esqueço
Mas hoje, deixem-me prender às cores que me aquecem o olhar
"Sorria sempre mesmo que seu sorriso seja um sorriso triste, porque mais triste que
um sorriso triste é a tristeza de não poder sorrir."
A.D.