Amor aprisionado
Quem te aprisionou, amor?
Duras mais, assim, aprisionado?
O rio não pediu. Presenciou.
Juras de amor de quem, por ali parou
Deixando a intenção aparelhada a cadeado.
Quanto resistes tu, ó amor, no coração
Daqueles, que deixaram aqui, o cadeado aferrolhado?
Vai chover…
Vai nevar…
Pássaros cantarão.
Mais dias virão,
Depois os anos.
Serás velho. Serás negro. Enferrujado.
Olhos curiosos, como o meus,
Vão parar e pensarão:
- Valeu a pena, deixar-te assim fechado?
Gosto de pensar que
O amor é livre.
Sem amarras,
Sem promessas.
Dar e receber.
Mera obrigação? Não!
Nem compromisso.
Acaso, preciso gritar aos elementos naturais…
Que, te amo mais, por te amar em alta voz?
Será que, gravando o meu e o teu nome em todo lado
Nunca mais nos esqueceremos de amar todos os dias?
Ou é modinha ou uma fantasia, que
Nos faz prender num cadeado,
Com receio de nos perdermos por aí?
Tu de mim…
Eu de ti.
Cada um, seguindo, em separado.
O amor precisa ser agarrado?
Adianta lançar fora a chave ao cadeado?
Gosto da minha mao a aconchegar-se à tua
Sentir o calor do teu abraço
Os olhos que me acolhem
E mais ainda, a paz do teu regaço
Não gosto de pactos,
Gosto de gente.
E gosto de sentir.
Cada hora...
Cada momento.
O amor é hoje
É presente.
Amor no futuro?
Para quê?
Quero-o já. Quero-o agora.
Dentro do prazo
Chamem-me louca
Ou impaciente
Só quero amar e ser
amada apaixonadamente
Não me tranquem
Não me prendam
Sou livre de amar...
Amar, somente.
Cadeados? Tivesse eu a chave e abria-os todos.