Miminho da Serra
...do Gerês!
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...do Gerês!
E vou de fim-de-semana, nem que seja para dormir se o tempo estiver chuvoso como "pintam"...
O Túnel de chuva
Necessário é
atravessar o túnel de chuva
onde o silêncio fez ninho.
Passar a barreira do eco
de antigos sons murmurados.
Sacudir na volta da estrada
o peso carregado de sentir.
E seguir.
Rumo ao lugar isolado
onde o meu canto sozinho
dirá sol nos dias esperados.
Que a vida é sempre o porvir
dito em silêncio ou gritado
e é certo o tempo de chorar.
E o de amar
Lique (mulher50a60)
...e tenho de trabalhar certinho como a aranha.
A TEIA DOS AFECTOS
"Assim pouco a pouco
cai a distância como bruma
espessa e quente
nos frágeis fios da teia dos afectos.
Qual estranha espuma dissolvente
parte um, depois outro
até que o nada se instala sem aviso.
Logo falamos estranhos dialectos,
palavras como gumes escondidos
fechada que é a alma
selados os sentidos."
(lique) mulher50a60
"Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar..."
Excerto de poesia de: Alberto Caeiro
A ÁGUA da chuva desce a ladeira.
É uma água ansiosa.
Faz lagos e rios pequenos, e cheira
A terra a ditosa.
Há muitos que contam a dor e o pranto
De o amor os não qu'rer...
Mas eu, que também não os tenho, o que canto
É outra coisa qualquer.
Fernando Pessoa
A Chuva Desce a Ladeira
CANÇÃO DE OUTONO
Perdoa-me, folha seca,
não posso cuidar de ti.
Vim para amar neste mundo,
e até do amor me perdi.
De que serviu tecer flores
pelas areias do chão,
se havia gente dormindo
sobre o próprio coração?
E não pude levantá-la!
Choro pelo que não fiz.
E pela minha fraqueza
é que sou triste e infeliz.
Perdoa-me, folha seca!
Meus olhos sem força estão
velando e rogando áqueles
que não se levantarão...
Tu és a folha de outono
voante pelo jardim.
Deixo-te a minha saudade
- a melhor parte de mim.
Certa de que tudo é vão.
Que tudo é menos que o vento,
menos que as folhas do chão...