Shiu...shiu...
Por aqui, é hora da passarada afinar o canto.
Shiu..Shiu...
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Shiu...shiu...
Por aqui, é hora da passarada afinar o canto.
Shiu..Shiu...
Instante
Não é dia nem é noite
Hora amena quase despida
Genuinidade que atrai o olhar
Que se alongue o dia
Sem distanciar a noite
Não quebre o silêncio
Enquanto a hora durar
Permaneça amena
Doce e apaziguadora
Sem o bulício da cidade
Das horas fugidas
Não quero ouvir apitos
Carros a passar
Gente a estrebuchar
O momento é meu
Quero-o suster, quero-o guardar
Soprai minha fronte
Beijai o meu rosto
Soprai meu cansaço
Renovai meu esforço
Ó ventos que vindes do mar
Fazei-me um sinal
Mandai uma estrela piscar
Mostrai-me o caminho
Para daqui partir
Ou aqui voltar?!
Devia ser assim. Uma árvore é uma árvore.
Há palavras que calam os desejos da árvore.
Mancham o verde com que dizemos árvore.
Assustam os pássaros nos olhos da árvore.
Mudam as vontades fermentadas na haste.
Cansam a árvore até morrer de tédio.
Devia haver um letreiro em cada árvore, digo,
no rosto da floresta: "Silêncio. A ler o vento.".
"Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio."
Osvaldo Montenegro
"Assim como do fundo da música
brota uma nota
que enquanto vibra cresce e se adelgaça
até que noutra música emudece,
brota do fundo do silêncio
outro silêncio, aguda torre, espada,
e sobe e cresce e nos suspende
e enquanto sobe caem
recordações, esperanças,
as pequenas mentiras e as grandes,
e queremos gritar e na garganta
o grito se desvanece:
desembocamos no silêncio
onde os silêncios emudecem."
Octavio Paz, in "Liberdade sob Palavra"
Tradução de Luis Pignatelli